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PACIENTES DO SUS ENFRENTAM LONGA FILA POR CIRURGIA DE CATARATA
26/01/2024

Há 1.613 pessoas aguardando para fazer cirurgia de catarata no Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Existem pacientes na fila há quase um ano e até quem perdeu a vista durante a espera, devido ao agravamento da doença. Porém, por ser uma instituição privada, o BOS depende dos recursos enviados pelo governo estadual para fornecer as vagas e acelerar os procedimentos pela rede de saúde pública.

José de Ribamar Araújo Souza, de 66 anos, espera para fazer a cirurgia de catarata pelo SUS há quase um ano. Portador também de glaucoma, sua visão já está quase toda comprometida, o que o impossibilita de realizar suas atividades diárias. Sua esposa, Vera Rita dos Santos Souza, de 59 anos, relatou que José encontra-se depressivo.

“Ele enxerga tudo cinza e está em depressão porque era uma pessoa muito ativa e, agora, está doente por estar perdendo a visão. É uma doença genética, da família. A mãe e o tio dele ficaram cegos antes de morrer e ele adoeceu por ver que está indo para esse caminho”, contou. “É uma vergonha Sorocaba ter um hospital e estar assim”, acrescentou.

Atualmente, o BOS realiza mensalmente 203 cirurgias de catarata em pacientes das 47 cidades do Departamento Regional de Saúde (DRS-16), que abrange Sorocaba. A demanda é alta, mas não é incomum, segundo o superintendente do BOS, Edil Vidal de Souza. “A catarata sempre vai aumentar, em função do envelhecimento da população e em função da evolução da tecnologia. E, quando você opera um olho, praticamente já cria-se a necessidade de operar o segundo depois, porque fica desconfortável ao paciente”, disse.

O contrato de convênio é firmado oficialmente entre o BOS e o governo estadual. Os municípios, porém, podem contribuir com o aceleramento dos atendimentos, por exemplo, por meio de emendas. A Prefeitura de Sorocaba disse, em nota, que busca parcerias no terceiro setor para contribuir com a redução da demanda por cirurgias de catarata. “Compreendendo a importância de um trabalho conjunto entre as esferas de governo em prol da população, (a Prefeitura) está buscando parceiros no terceiro setor, bem como emendas para contribuir com o Estado na redução dessa demanda”, informou, acrescentando que há mais de 1.600 pessoas aguardando pela cirurgia.

Repasse

Edil explica que, atualmente, o Estado de São Paulo destina cerca de R$ 1 milhão por mês ao BOS para atender aos pacientes das cidades do DRS-16. Mesmo assim, o valor é insuficiente em relação à demanda de casos. “Com esse recurso, conseguimos fazer as 203 cirurgias. Nós temos um serviço de referência e uma estrutura para fazer muito mais, mas infelizmente o recurso para isso não existe. Infelizmente a demanda é muito alta para o recurso que existe -- por isso existem filas. Mas, o que é urgente está sendo prontamente atendido. Se o recurso for dobrado, o número de cirurgias também será”, afirmou.

“Essa demanda já é antiga. Muitas vezes as pessoas falam ‘ah, não atende aqui, mas tem várias ambulâncias de outros Estados’. Realmente você encontra aqui ambulâncias do Paraná, do Rio de Janeiro. Mas esses pacientes estão usando recursos daqui? Não. Esses pacientes têm recurso federal, que é ilimitado. Se vier 100 (pacientes), atendemos 100. Se vier 500, atendemos 500. É diferente do convênio com o Estado de São Paulo”, disse o superintendente.

Cruzeiro do Sul pediu à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo o número atual de pacientes do DRS-16 encaminhados para fazer a cirurgia de catarata no BOS. No entanto, a pasta respondeu, em nota, que não tem acesso a esses números por conta dos encaminhamentos serem feitos pelas Prefeituras. A gerente de atendimento e qualidade do BOS, Kátia Campos, informou que o BOS não tem acesso ao sistema para saber a quantidade de pessoas na fila e disse que a instituição apenas disponibiliza o número de vagas a serem preenchidas pelas esferas governamentais.

“Um alívio”

A técnica de enfermagem Ana Teles Gonçalves, de 53 anos, de Araçariguama, operou a catarata e confirmou sentir o alívio que muitas pessoas com a doença esperam após a cirurgia. “Eu esperei cerca de sete meses. É um alívio, porque a visão é tudo, né? Estou enxergando muito melhor agora. Antes, eu não enxergava e tinha dificuldade principalmente para ler. Agora, vou conseguir trabalhar melhor também”, disse. “As pessoas reclamam da demora, mas eu acho até que foi rápido”, opinou. 


Jornal Cruzeiro do Sul