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POR QUE O SUS DE SP QUER SABER A DISTÂNCIA ENTRE PACIENTES E HOSPITAIS?
26/11/2019

Uma das formas de melhorar a gestão pública da saúde é saber o quanto os pacientes precisam se deslocar até um hospital. Esse é um dados que o software InternaSUS consegue gerar, mostrando onde ocorrem as internações hospitalares no município de São Paulo e a distância percorrida pelos pacientes.

O sistema é fruto de um projeto do Instituto Nacional de Ciência de Tecnologia InterSCity (Internet do Futuro para Cidades Inteligentes) e foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP (Universidade de São Paulo).

Saber esta distância vai ser importante para o hospital por alguns motivos. O dado pode indicar se pessoas de uma determinada região se deslocam muito para serem internadas —e se sim, a prefeitura saberia melhor onde construir um novo hospital. Ou saber se determinado hospital construído para atender a população de uma região está de fato recebendo pessoas dali, ou se está sobrecarregado com pacientes de outras regiões.

A partir do mapa da capital paulista, o software organiza a quantidade de internações hospitalares a partir de diversos filtros: região, hospital, especialidade e doença. São dados relativos a procedimentos financiados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e sob gestão da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

O protótipo do InternaSUS foi criado em 2017. O sistema foi pensado a partir da demanda de técnicos da secretaria municipal. Agora, na fase final de desenvolvimento, o produto será oferecido à prefeitura, que poderá decidir implementálo ou não a partir de 2020. 

As informações relativas a internações hospitalares são públicas e estão disponíveis na base de dados do SUS. A diferença trazida pelo InternaSUS é poder relacionar o número de internações a outras variantes, todas visualizadas dentro de um único sistema. 

"O que eles precisavam eram formas diferentes de agrupar esses dados", explica Paulo Meirelles, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), envolvido com o projeto. Meirelles lembra que, para além da saúde, são informações com impacto na mobilidade urbana. 

Com dados de 2015, por exemplo, é possível saber que mais de 60% dos pacientes internados por motivo de reabilitação em São Paulo precisaram percorrer mais de dez quilômetros até um hospital. 

No software, as internações podem ser filtradas pelo problema de saúde, indicando em quais regiões da cidade houve mais atendimentos em decorrência de uma doença específica, como a dengue. O recurso utilizado para esse tipo de visualização são os mapas de calor, em que as cores quentes no mapa indicam maior incidência e, as frias, menor. 

"É uma análise histórica. Não há como prever um surto de uma doença, mas como identificar deficiências no processo de internação", diz o professor. 

O InternaSUS também permite visualizar os dados relativos a cada hospital, como o número de internações por especialidade (cirurgia, obstetrícia, pediatria, entre outras) e quantos quilômetros os pacientes precisaram se deslocar até ali. "Conseguimos discriminar se a pessoa está sendo atendida na região em que deveria e quais são as características de cada hospital", afirma Débora Lina Ciriaco, pesquisadora do IME envolvida desde o começo do projeto. 

Sobre privacidade, ela explica que os desenvolvedores não têm acesso a informações confidenciais dos pacientes, como o endereço exato, pois utilizam dados modificados para que as pessoas não possam ser identificadas. 

Além das internações hospitalares, o InternaSUS abre perspectiva para os pesquisadores trabalharem com outras bases de dados do SUS, que são comuns para todo o país. 

"Se funciona em São Paulo, tem potencial para funcionar em outras cidades e estados", diz Meirelles. É uma expansão que pode acontecer de forma colaborativa, já que a plataforma é um software livre, com código fonte aberto a quem se interessar.


Fonte: UOL Notícias