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CONFIRA ENTREVISTA COM A DIRETORA DO IAG SAÚDE, TANIA GRILLO
09/10/2019

A diretora do IAG Saúde, Tania Grillo, foi uma das palestrantes que participaram do 4º AUDHASS e, em sua exposição, realizada no dia 11 de setembro, destacou o pagamento com base em padrões pré-estabelecidos.

Confira a entrevista:

  • Como os novos modelos de remuneração impactam na área de faturamento?

Na verdade, vou responder como a necessidade do sistema de saúde força, determina e faz com que modelos assistenciais que tem de fato o paciente como centro da atenção e cuidado com processos extremamente seguros que garantam a qualidade assistencial fazem com que esses processos altamente qualificados focados na segurança do paciente tenham reconhecimento através de novos modelos remuneratórios.

Não há de se falar de modelos assistenciais seguros sem os incentivos que baseiem e possibilitem que todos os investimentos necessários sejam alcançados. Então, o que estamos conversando hoje de novos modelos remuneratórios nada mais é do que reconhecer para aqueles que executam e tem prestação de serviços com a segurança do paciente, sejam devidamente incentivados com complementações remuneratórias baseadas em valor. Isso que se chama valor entregue a população: a melhor medicina prestada com consumo racional de recursos. Dentro disso não há um único modelo e uma única forma de remunerar.

Portanto, o modelo baseado em valor deve ser alicerçado com eficiência nas relações, com procedimentos de baixa complexidade, que podem ser bem gerenciados e os bundles, pacotes que dispensam auditoria e são pagos diretamente após o procedimento. Isso dá uma previsão de custos para quem paga, uma previsão de receita para quem executa e otimiza a margem operacional, sendo assim os hospitais ganham bem, os médicos vão ser melhores remunerados e há pagamento com incentivo com bonificação.

Para que tudo isso ocorra, o futuro da auditoria de contas será paulatinamente transformado em uma auditoria assistencial a beira leito de forma alimentar a quem constrói a documentação de faturamento com as informações adequadas, passando a ser um instrumento de transação de contas sem a necessidade de auditoria contínua em 100% das contas hospitalares.

Resumindo, como que toda essa evolução da sociedade que clama por valor vinculado a que se entrega ao paciente é ser o meio pelo qual se registra, reconhece tudo que foi realizado para que os programas de valorização façam as remunerações dos incentivos.

  • Como o DRG pode contribuir para a remuneração dos serviços?

Com tudo que falei na pergunta anterior. A metodologia DRG estrutura o banco de dados assistencial que gera informações que permitem ajustar os pacientes internados em grupos homogêneos de risco assistencial, complexidade e expectativa de desfechos e consumo de recursos. A partir do momento que você tem grupo de pacientes que está dentro de um mesmo conjunto similar é possível ter previsibilidade e comparabilidade e, a partir disso, possuir todas as formas de desenvolver os indicadores de remuneração por valor.

Outra coisa muito importante, quando o paciente interna, ele já tem seu diagnóstico presuntivo e a provável cirurgia que vai ser submetido. O DRG auxilia não apenas após a alta para os efeitos comparativos de desfechos, mas ajuda também quando o paciente está internado e a equipe multidisciplinar da assistência e gerenciamento de risco acompanha o que a metodologia mostra de chance de risco de um paciente ultrapassar o tempo de permanência previsto, de vir a morrer dentro de um hospital, de ser readmitido após a alta e até mesmo adquirir alguma condição adversa no hospital.

Essas informações são preditivas pelo sistema DRG Brasil e permitem que a equipe multidisciplinar atue antes que o paciente seja comprometido a alguma complicação durante sua assistência e atue também na otimização dos processos internos, no plano de cuidado e integração com a rede com o objetivo de uma alta segura e continuidade do atendimento após a alta, mitigando as complicações que determinam a readmissão hospitalar.

  • Quais são as principais conquistas de quem adota ao DRG?

Todo o esforço de implantação de um modelo assistencial que leve a uma melhoria dos cuidados e redução dos desperdícios tem que gerar realmente ganhos para todos os envolvidos.

Nas instituições que já estão mais avançadas e mais amadurecidas e que possuem programas remuneratórios baseados em valor, os ganhos principais são primeiro para o hospital. O hospital consegue melhorar bastante seus fluxos e processos internos, otimizando o uso dos seus recursos e conseguindo reduzir o seu principal custo que é o custo fixo do leito. Isso ocorre porque a instituição consegue com as melhorias de processos aumentar o giro de leito tendo uma economia de escala que é a maior rotatividade de pacientes com ganhos muito importantes nas suas margens operacionais. Ao reduzir a ocorrência de complicações e eventos adversos, o hospital deixa também de ter os custos de passivos judiciais, tem um incremento na melhoria da sua imagem como hospital seguro e uma enorme satisfação das equipes envolvidas de todos os trabalhadores na melhor assistência médica hospitalar que está sendo ofertada a essa população.

Para quem paga, que é a fonte da saúde suplementar, o ganho principal é a redução da sua sinistralidade hospitalar podendo também valorizar os seus beneficiários e diminuir o valor do seu tíquete médio cobrado nas contraprestações. Isso é hoje um fundamento importante para a viabilidade e sustentabilidade para as operadoras de planos privados de saúde frente a concorrência de verticalização.

Para o gestor do SUS, com mesmo recurso disponível, ele consegue disponibilizar maior número de leitos para a população, aumentando o acesso desses pacientes e podendo desenvolver programas de valorização para a rede hospitalar dentro de programas específicos que estão alavancados com os projetos de segurança do paciente.

E, finalmente, o ente que é o centro de tudo, que é o paciente e sua família, é proporcionado uma experiência mais positiva a cada encontro hospitalar, menor ocorrência de eventos e danos, levando a um resultado assistencial de recuperação de saúde mais adequado e por consequência um menor custo da sua contribuição de pagamento no sistema de saúde. 


Fonte: Fehosp