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MEDICINA DIGITAL PODE FAZER CRESCER PIB DO PAÍS
20/09/2017

Investimentos em tecnologia para a saúde sempre foram vistos como aumento de gastos pelos governos. Graças à medicina digital, a situação está mudando, e o aporte de dinheiro no setor já é considerado uma ferramenta para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. Quem garante é o cardiologista Roberto Botelho, presidente da International Telemedical Systems do Brasil (ITMS do Brasil) e participante do IV Congresso Internacional do Consórcio Brasileiro de Acreditação, que acontece entre os dias 17 e 19 de setembro, no Rio de Janeiro (RJ). Principal palestrante da sessão “Medicina Digital, diagnósticos, consultoria e educação continuada a distância”, o médico vai falar sobre como as mudanças do mundo digital afetam a Medicina, sob a perspectiva da transformação histórica – relação entre o  tempo de desenvolvimento de um produto/conceito e sua aplicação na prática médica.

“Outro fenômeno novo é a computação nas nuvens, que compartilha hospedagem e capacidade computacional. Os supercomputadores conseguem avaliar informações não estruturadas em altíssima velocidade, apresentando a computação cognitiva, que faz as supermáquinas pensarem. Como consequência natural dessa evolução, surge o conceito do determinismo tecnológico, que diz que a tecnologia é quem dita o rumo das coisas, não mais o homem. Vamos discutir tudo isso”, adianta Botelho. Ainda estarão na pauta novidades como Internet das coisas (IOT), deep learning (automação) e telepresença.

Em relação a qualidade e segurança para o paciente no atendimento, o presidente do ITMS apresentará um exemplo nacional de como a pesquisa clínica tem conseguido avanços espetaculares com estudos de bancos de dados que reduzem custos e aceleram resultados. “Há sistemas de suporte à decisão médica que melhoram muito o desempenho. Os grandes bancos de dados, que podem ser anonimizados e ter seus conteúdos explorados para geração de conhecimento, não só na assistência, mas também na gestão, transformam a prática da medicina a cada dia”, diz.

Na área do telensino, Roberto Botelho defende que educação médica a distância e a presencial são estratégias diferentes e complementares. Portanto, nunca correrão isoladas. “Em alguns aspectos, a educação à distância pode ser superior à presencial, especialmente quando há grande gradiente de conteúdo entre as partes conectadas”, avalia.

A mesa Medicina Digital, diagnósticos, consultoria e educação continuada à distância faz parte da programação do IV Congresso Internacional de Acreditação CBA/JCI e acontece no dia 19 de setembro às 11h30. O evento ocorre no hotel Windson Barra.

Remuneração em saúde é tema de debate

“A remuneração de serviços de saúde utilizada na maior parte das instituições brasileiras, baseada na produção, é um modelo defasado que propicia o desperdício de recursos”. A afirmação é de Flávio Bitter, diretor técnico e de produtos da Bradesco Saúde e vice-presidente da Fenasaúde. Bitter é um dos participantes do IV Congresso Internacional CBA 2017, como debatedor no painel “Caminhos da remuneração baseada em valor”.

Ele explica que a remuneração baseada em valor, o pay-for-value adota mecanismos baseados nos desfechos clínicos e não somente nos procedimentos, pois paga pela produção de resultado para o paciente e, além disso, não cria distorções no modelo. “Não há desvantagens e sim grandes desafios na sua implementação”, alerta ele. Esse novo modelo foi criado em oposição ao que é majoritariamente adotado no Brasil e no mundo: o fee-for-service ou pagamento por procedimento. Na opinião de Bitter, o modelo antigo está ultrapassado, mas tem um ponto positivo que é a facilidade da cobrança. “No entanto, a sua manutenção permanecerá gerando grandes desvios e não é possível pensar em um sistema sustentável com ela”, complementa o executivo.

Saúde sustentável?

Bitter cita a definição do valor em saúde elaborada pelo professor Michael Porter, da Harvard Business School, para esclarecer o que é a geração de valor sustentável em sistemas de saúde: “é a equação em que os ‘resultados de saúde que importam ao paciente’ são divididos pelos ‘custos incorridos em tratamentos e ações de prevenção’. Logo, quanto melhor o resultado e mais baixo for o custo, maior será a geração de valor sustentável para o sistema”.

Obstáculos à frente

O caminho para a implantação da remuneração, baseada em valor em larga escala, ainda é longo. É necessário promover uma mudança na forma de medição de custos e resultados em saúde, a reorganização dos sistemas internos e buscar o desenvolvimento de práticas que incentivem a geração sustentável de valor, observando o ciclo completo do tratamento.

“Esse novo modelo parte do princípio que o prestador deve se organizar em função das condições clínicas dos pacientes e não por especialidades médicas e que é preciso medir os resultados de desfechos clínicos e de saúde de cada paciente. Além disso, o acompanhamento deve ser feito fora dos limites do hospital ou clínica, para que haja uma avaliação de todo o ciclo do tratamento”, explica ele. “Os maiores obstáculos a esse modelo, a meu ver, estão relacionados a encontrarmos nas organizações líderes com essa firmeza de propósito e dispostos a correr riscos, assim como organizações que já possuem sistemas capazes de obter e divulgar informações sistemáticas de custos e recursos alocados e resultados produzidos”, continua.

No Brasil, já começam a surgir algumas experiências de pagamentos por pacotes do tipo DRG – Diagnoses Related Group, mas que geralmente não levam em consideração desfechos clínicos ou pagamento pelos ciclos do tratamento. “Fora do modelo antigo, há também pagamentos por procedimentos gerenciados para tratamento de um determinado episódio clínico, como cateterismo ou ureterolitotripsia, independentemente da técnica e da quantidade de insumos utilizadas”, ressalta Bitter. De acordo com o diretor, trata-se de modelos mais aprimorados do que o fee-for-service pois incentivam a boa gestão e eficiência, mas ainda não são capazes de remunerar por valor. “Vejo, no Brasil, cada vez mais prestadores e operadoras interessadas em mudar o modelo atual e, algumas experiências exitosas. Isso já é um primeiro passo”, destaca.

Flávio Bitter é um dos debatedores do painel “Caminhos da remuneração baseada em valor”, que será realizado no dia 18 de setembro, às 15h30, dentro da programação do IV Congresso Internacional de Acreditação CBA/JCI 2017


Fonte: Portal Revista do Brasil