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SETOR DE PRODUTOS PARA SAÚDE ENCOLHE 13,9% NO ANO
16/12/2016

O setor de dispositivos médicos sofreu retração de 13,9% no consumo aparente de janeiro a outubro deste ano, na comparação com igual período do ano anterior, e deve fechar 2016 com um faturamento ao redor de U$ 9 bilhões. Nos últimos 12 meses, a queda foi de 14,8%.

O balanço de desempenho do setor foi apresentado ontem pela ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde no encontro anual da entidade.

A área de produtos para saúde, que até 2014 crescia ao redor de dois dígitos, apresentou neste ano queda em todos os parâmetros avaliados. A produção encolheu 13,9% enquanto as vendas recuaram 1,1%. Em função da oscilação do dólar, as importações caíram 12,7% e também as exportações foram 22,4% menores.

Segundo Carlos Goulart, presidente executivo da ABIMED, o desempenho do setor foi afetado por um conjunto de fatores decorrentes da crise econômica e da instabilidade política.

“A recessão reduziu a alocação de recursos públicos e privados para a área da saúde. Com a arrecadação em queda, o setor público dirigiu seus recursos para custeio e não para novos investimentos. O setor privado agiu com cautela em função da instabilidade política e econômica. Além disso, foi fortemente impactado pela diminuição no número de beneficiários de planos de saúde, causada pelo desemprego, que transferiu a demanda de saúde para o SUS e para serviços de atendimento médico a custos mais baixos”, afirmou.

A ABIMED entende que esses novos modelos de assistência que despontaram no país contribuíram para amortizar um pouco a queda do setor, mas não foram relevantes o suficiente para melhorar o desempenho. Além disso, pesaram nos resultados a instabilidade do câmbio, que afetou tanto as importações quanto as exportações.

De acordo com Goulart, as empresas trabalham com a perspectiva de que haverá uma pequena recuperação em 2017, considerando-se que a demanda de saúde tende a aumentar em função do envelhecimento da população e que, mesmo hoje, ela não é plenamente atendida pelo sistema de saúde.

“Levando-se em conta que a economia não reagiu no prazo e na proporção esperados, os fatores que provocaram queda no setor de produtos para saúde este ano devem se manter em 2017. No entanto, acreditamos que os resultados serão um pouco melhores”, explicou.

Ética, transparência e tecnologia

O Encontro Anual da ABIMED contou ainda com as participações de Leandro Rodrigues Pereira, Gerente Geral de Tecnologia de Produtos para Saúde da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e de Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho de Administração do Instituto Coalizão Saúde.

Rodrigues fez um balanço das principais ações desenvolvidas pela Anvisa em 2016 e destacou os planos da Agência para 2017, entre eles o de reduzir os prazos de inspeção de fábricas.

Já Lottenberg apresentou um panorama da evolução da tecnologia médica nos últimos 20 anos e as tendências futuras. “A tecnologia desempenhou papel fundamental em vários momentos, mas é muito importante que seja usada de maneira adequada e sem desperdícios. Na área da Saúde focamos, em geral, a falta de recursos quando, muitas vezes, ele é usado de maneira imprópria”, disse.

Felipe Kietzmann, presidente da Comissão de Ética da ABIMED, apontou os avanços da entidade na promoção de um ambiente ético de negócios no país. Destacou o aumento do número de membros da comissão, a realização de mil treinamentos e o fato de a Comissão ter se tornado independente da direção da entidade para garantir maior autonomia de ação.

Em relação às prioridades da ABIMED para 2017, Fabrício Campolina, presidente do Conselho de Administração da entidade, disse que o foco de atuação será baseado no conceito “Transparência que gera valor”. Lembrou que o Brasil ainda possui uma demanda não atendida na área da saúde e que transparência e utilização racional de recursos e da tecnologia são fundamentais para garantir eficiência e sustentabilidade ao sistema de saúde.


Fonte: Revista Hospitais Brasil