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Hospitais universitários do Rio correm o risco de fechar, diz conselho médico

Os hospitais universitários do Estado do Rio de Janeiro estão à beira do fechamento, afirmou Pablo Vazquez, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado, durante audiência pública nesta sexta (27). Ele classificou de "caótica" a situação.

 

 

"Os hospitais estão interrompendo as internações eletivas por causa de falta de custeio e, se continuar a deficiência financeira, serão interrompidas também as internações emergenciais. O último passo vai ser a transferência dos pacientes internados e o fechamento desses hospitais, o que seria emblemático e uma tragédia."
 

Vazquez disse que há negligência com a saúde e que isso vem de longa data. "Só que agora, com a crise econômica, estamos vendo os hospitais à beira do fechamento." Para ele, independente de crise, não pode faltar verba para a
saúde. "Os hospitais têm que estar abertos e em condições adequadas para prestar o atendimento necessário para a demanda de cada habitante."
 
Na audiência, os diretores dos hospitais Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Antônio Pedro, da UFF (Federal Fluminense), e Gaffrée e Guinle, da Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), explicaram os problemas orçamentários atuais, que têm sido o
motivo da redução crescente do número de internações nos hospitais.

Segundo o diretor do Hospital Universitário da UFRJ, Eduardo Jorge Bastos Côrtes, as cirurgias e internações eletivas foram suspensas nesta sexta, e a decisão será reavaliada na próxima segunda­feira (30). "[O hospital] chegou a uma situação muito difícil, em que a gente está tomando uma decisão de
começar a não mais aceitar pacientes. Vamos fazer isso de forma progressiva para não prejudicar a população. A gente não pode receber esses pacientes porque não teria condições de tratá­los."
 
Côrtes informou que tem havido atrasos no repasse dos recursos firmados com o governo, por meio de contrato, para que os hospitais atendam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). "Essa é a única fonte de renda do hospital. Então, isso tem gerado muitos problemas, porque não estamos podendo fazer compras. Isso está gerando o desabastecimento progressivo do hospital", afirmou.
 
O diretor do Hospital Universitário da Unirio, Fernando Ferry, disse que a unidade tem uma dívida de R$ 15 milhões e está com 106 de seus 236 leitos fechados. De acordo com Ferry, os leitos foram fechados em 2013, por falta de financiamento para mantê­los. Ele informou que, neste ano, o Gaffrée e Guinle recebeu R$ 22 milhões, mas que, para funcionar plenamente, com investimentos, precisaria de R$ 60 milhões, o que dá R$ 5 milhões por mês.
 
"A gente vive com arrecadação de dinheiro do SUS, mas, para isso, eu tenho que produzir. Para produzir, eu tenho que investir. Então, tenho que contratar médicos, comprar equipamentos, reformar espaço físico. É preciso
ter recurso", acrescentou. 

Para a residente de infectologia do Hospital Universitário da UFRJ, Laila Almeida, a situação dos hospitais universitários tem piorado ao longo do tempo. "Isso compromete toda a sociedade, porque se vê o processo educacional sendo jogado no lixo. A gente tem que lutar pelo que acredita, e a educação é primordial. O primeiro caminho para solucionar os problemas é a partir da educação", afirmou.
 
A reportagem tentou contato com o Ministério da Educação, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.